sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados - Caso de amor


O Caderno
Chico Buarque
Composição: Toquinho/Mutinho



Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco até o bê-a-bá
Em todos os desenhosColoridos vou estar
A casa, a montanha, duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas bimestrais
Você vai ver

Serei de você confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel
Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser

Quando surgirem seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel
O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer

A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer
Só peço a você um favor
Se puder
Não me esqueça num canto qualquer

terça-feira, 9 de junho de 2009

10 de junho dia da raça brasileira


O CONCEITO DE RAÇA


A revista já abriu espaço inúmeras vezes para esse tópico, direta ou indiretamente, mas acho que é hora de voltar ao tema do emprego indiscriminado do termo "raça" em suas páginas. Nas matérias e nos editoriais usa-se a palavra "raça" com várias conotações, que vão da mais inequivocamente positiva - que é a idéia de gana, vontade e determinação - até conotações que a ciência e os próprios afrodescendentes sabem que são equivocadas - quando o termo é usado para descrever diferenças inatas por causa de diferenças aparentes: a cor da pele e os traços do rosto seriam indicadores de habilidades e competências diferentes.
Nota a genética que tais diferenças são tão superficiais que desapareceriam totalmente em cinco gerações caso as pessoas se casassem aleatoriamente mundo afora. A idéia de raça - como sabem os editores da revista, é um equívoco do Século 19 que acabou por gerar o racismo - é uma das piores pragas sociais dos últimos cem anos. Acompanho a revista e tenho notado em suas páginas a crescente reiteração do termo "raça" para se referir à negritude e à afrodescendência, visando estimular a auto-estima e o orgulho de se ter a pele escura e a África na história da família.
Raça negra vem sendo empregada como sinônimo de tudo o que é afrodescendência. Isso, a meu ver, é racializar e simplificar uma situação de cor como a brasileira, na qual, sabemos bem, a discriminação opera com base em múltiplos fatores, entre eles os indicadores visíveis de classe social e a pele escura, na qual se inclui - e em igual força em se tratando do Norte e do Nordeste - o fenótipo indígena, também escuro e também de traços distintos. Minha contribuição e meu axé. Fabrizio Rigout, conselheiro do Museu Afro-Brasil, São Paulo (SP)